Published by Mai under on 9/14/2009

Esse texto é um tratado inacabado, ou apenas mais uma tentativa atrapalhada de dizer o que sinto. É, eu sempre amo tudo que faço. O problema – me dizem – é a forma. Sei que existem mais belas, mas não aprendí a elipse ou talvez eu ainda não saiba fazer diferente, quando digo o que se sinto. Então eu direi, sinto muito, porque sinto tudo ao redor. Sinto a beleza da seca e da chuva, na beleza do que é húmido e inóspito, e também sei dos estragos quando são demasiados. Sei que em alguns territórios muita coisa está ruindo. E sei que para unir, construir, rejuntar, há que ter paciência de esperar, fazer devagar, com cuidado. Sei que há que se ter uma espécie de indulgência dissolvida de moral ressentida. Porque quando - sem saber - se quer sentir outra vez, não se sabe, mas o que se sente no que se ressente são histórias e geografias misturadas nos mundos e peles, que se apressam em atos de guerra. Mas arte não combina com pressa e por isto há tempos eu tento escrever uma genealogia possível à paz, minha paz, tua paz,nossa paz. Benditas sejam as palavras bem ditas. E benditos - o olhar que não denigre, o verbo que não humilha, a mão que não agride. Bendito esse Eros resoluto que toca, ouve, olha e diz, com palavras bem ditas, as benditas palavras que tocam um lugar que nem sei, e porque sinto, sei, existe um lugar. É complexo viver em paz e é simples perceber que o presente é o tempo correto de amar, em tempo bastante para amar e fazer diferente. E diferente é – diferente - a sí amar e amar o diferente a sí, e na diferença sentir a igualdade e amar qualquer um, diferente e igual. Saber-se incompleto e no tudo que se é, saber que cada um só pode fazer a parte que, no todo, é a parte de cada um. Entre o verbo - amar - e o tempo, todo resto é lapso - tempo vão - no tempo de amar. Unicamente amar. Agora é hora de em silêncio ouvir. Por que os joelhos doem e as chuvas caem em todo território. Um Eros resoluto e tolerante, talvez demarcasse nesses mundos, novos territórios de paz.

ah se você soubesse que a distância é o início o verso inverso ao precipício. porque simplesmente não se esquece daquilo que se mantém in-contido como aquilo que se sente sem qualquer dor sem qualquer rótulo. porque as coisas nunca deixam de existir simplesmente só porque o caminho se quedou intransponível só porque a certeza se camuflou camaleônica só porque o tempo se tornou insustentável quando as horas nada mais diziam na batida marcante e analógica do momento incompreendido. hoje compreendo todo o sentido do feixe de luz dos seus olhos anteriores à distância condensando o desejo a despeito da minha hesitante resignação. ah se você soubesse (se tivesse pressentido) que segundos após o relógio parou e que desde aquele instante meu ritmo cardíaco regula apressado a relatividade no espaço circular que a memória se tornou.