/* Comments ----------------------------------------------- */ #comments h4 { margin:1em 0; font:bold 78%/1.6em "Trebuchet MS",Trebuchet,Arial,Verdana,Sans-serif; letter-spacing:.2em; color:#999; } #comments h4 strong { font-size:130%; } #comments-block { margin:1em 0 1.5em; line-height:1.6em; } #comments-block dt { margin:.5em 0; } #comments-block dd { margin:.25em 0 0; } #comments-block dd.comment-timestamp { margin:-.25em 0 2em; font:78%/1.4em "Trebuchet MS",Trebuchet,Arial,Verdana,Sans-serif; letter-spacing:.1em; } #comments-block dd p { margin:0 0 .75em; } .deleted-comment { font-style:italic; color:gray; }




p r o s e a r e s

perfil

sidnei olívio : Nascido em São José do Rio Preto, SP. Biólogo, exerce a função de Auxiliar Acadêmico do Departamento de Zoologia e Botânica do IBILCE-UNESP, desde 1985. Tem dois livros de poesias editados em co-autoria (“Zoopoesias”, 1999, Ed. Rio-pretense e “Poesia Animal”, 2003, Ed. Sterna) e um livro de contos editado em co-autoria (Mutações, 2002, Ed. Scortecci). Participou ainda em mais quinze livros de coletânea, sendo os principais Leituras de Brasil, 2001, Ed. da UNESP e Petali d'Infinito, Accademia Internazionale Il Convivio, Itália, 2002. Tem publicações em vários sites de literatura e em três e-books de poesia infantil e poesia minimalista. Recebeu vários prêmios em concursos, dentre eles, 4º lugar no Mapa Cultural Paulista 2000 (modalidade poesia), Accademia Internazionale Il Convívio, Itália, 2002 (Prêmio de Edição) e Prêmio Estímulo “Nelson Seixas”, em 2006, na categoria musical (cd “Palavras Cruzadas”).


valéria tarelho : natural de Santos/SP (1962), residente em São José dos Campos/SP, separou-se da advocacia devido a um caso com a poesia. Seus primeiros escritos datam de abril de 2002. Obras publicadas : prosa (em co-autoria) na antologia Com Licença da Palavra (Editora Scortecci, 2003); poemas na Antologia Brasileira de Poetas Contemporâneos , vols. 1 a 7, da Câmara Brasileira de Jovens Escritores, no Livro da Tribo 2004, 2005 e 2008 a 2011 (Editora da Tribo). Teve um poema selecionado para integrar o livro Panorama Literário Brasileiro 2004/2005 — As 100 Melhores Poesias de 2004 — Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Participa, ainda, de diversas antologias, em formato e-book. Prêmios: 1º lugar na Mostra Joseense 2005 - categoria "contos" e 2º lugar na Mostra Joseense 2005 – categoria "poesias". Atua, como colaboradora, no portal valedoparaiba.com, seção de poesia e no site Escritoras Suicidas - www.escritorassuicidas.com.br


arquivo




outros ares




contato

proseares@gmail.com

"feed-se"


assine aqui

para receber atualizações por e-mail, preencha o campo abaixo:

seu e-mail:

entregue por FeedBurner


etc

Site Meter



Adicionar aos Favoritos BlogBlogs

Pingar o BlogBlogs




tamanho da fonte


para aumentar :
ctrl +

para dininuir :
ctrl -





domingo, 26 de outubro de 2008 @ 21:25
Preciso de alguém


Meu nome é Caio F.


Moro no segundo andar,mas nunca encontrei você na escada.


Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.


Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. (...)


Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.


(Caio Fernando Abreu - Crônica publicada no “Estadão” Caderno 2 de 29/07/87)


post de valéria tarelho
Bookmark and Share

0 comentário(s)




quinta-feira, 23 de outubro de 2008 @ 09:56
improvável

você abriu a porta de repente e entrou, como se tivesse saído instantes antes e percebido que havia esquecido alguma coisa, coisa que sempre acontece. mas não, você chegou tarde e abriu a porta de repente, como se tivesse estabelecido a hora exata, como se segundos fora pudessem testemunhar prós e contras à sua chegada. você abriu a porta de repente e entrou e quando olhou para mim, despencou-se a razão junto ao susto quando, tão de repente quanto à abertura da porta, nossos olhos cruzaram um limite indelével, num caminho improvável. você abriu a porta de repente e entrou e me assustou, como se eu não tivesse ouvido o barulho do motor do carro, dos seus passos nos degraus da escada, da chave rodando no tambor da fechadura e da maçaneta, feito um gatilho, abrindo a porta de repente como um tiro, como se você não soubesse que eu estaria lá, alvo fixo na alça de mira, lá, estirado no sofá, insone, em profundo desagrado comigo mesmo por não ter ido, por nunca ir, pela infidelidade ambígua aos fantasmas que sempre me evocam e se tornaram meus amantes. os fantasmas... mas você abriu a porta de repente e entrou e também se assustou, fruto dessa maldita culpa que carregamos, impingida há séculos, uma herança tão bem forjada que, por mais que a contemos, escapa pelos poros e os olhos denunciam.

sidnei olivio

post de Sidnei Olivio
Bookmark and Share

1 comentário(s)




sábado, 18 de outubro de 2008 @ 20:54
(in)dependência

sempre envolta em minúcias, chegou com olhos livres sorrindo uma doce compaixão e sem nenhuma repreensão à roupa rota, ao cabelo sem corte, à dependência da casa esparramada feito uma despensa, dispensou qualquer palavra, mesmo um gesto em riste, apenas me apertou em polvo abraço, enxugou duas lágrimas e saiu sem fechar a porta.

sidnei olivio

post de Sidnei Olivio
Bookmark and Share

0 comentário(s)




terça-feira, 14 de outubro de 2008 @ 11:24
Dia Normal

De manhã é sempre no melhor do sono que desperta, assustado com o barulho agudo do relógio. Espreguiça o corpo estalando as juntas, mas só consegue acordar embaixo do chuveiro. Calça jeans, tênis e camiseta. Pochete na cintura. Uma corrida até o ponto. A angústia por uma xícara de café.
No último giro do ponteiro, bate o cartão: 8 horas. Passa rapidamente pela copa, engole a bebida vital e assume o seu posto. Trabalho mecânico, os que nasceram para isso sonham com a chefia. Os que não nasceram para isso sonham com um emprego mais emocionante. Os que não sabem porque nasceram, pensam nos minutos que faltam para o almoço.
Meio dia, a sirene avisa. Outra batida no cartão. Outra corrida para o ponto. Outro ônibus lotado. Trajeto longo. A angústia por um prato de arroz e feijão. Entra em casa às pressas. Às pressas, ranga o grude sem nenhuma etiqueta. Dentes mal escovados, corre novamente ao coletivo. Precisa passar no centro, vence hoje a prestação.
De volta ao serviço, dentro do ônibus, segue pensando. Prefere a correria à marmita. Cinco anos de bóia-fria já bastaram. Não sabe se vai ao campo ou ao cinema. Observa os tênis gastos que nem acabou de pagar. Também com esse salário...
14:00 horas. Começa a vespertina jornada. Contínuo trabalho mecânico. Entre contínuos bocejos, esforça-se para manter os olhos atentos, sempre de olho no relógio.
18:00 horas, a sirene avisa. Finalmente a última batida no cartão. É sexta-feira. Não tem mais que correr para o ponto. Mas sai apressado. A angústia por uma loira gelada. Chega ao bar. Sinuca, baralho, discussão de futebol e alguns planos futuristas. Ano que vem ele termina o supletivo. Ano que vem ele compra um carro. E, conforme for, até se casa.

Sidnei Olivio

post de Sidnei Olivio
Bookmark and Share

1 comentário(s)




sábado, 11 de outubro de 2008 @ 06:59
conversa

você disse alguma coisa e eu sequer li uma sílaba dos lábios envoltos em batom brilhante. seus lábios de beijos tardios e adocicados. baba de manga na sensualidade infantil dos pomares irreparáveis. você disse alguma coisa lenta e profundamente e eu que sempre menti emoção, fiquei perplexo com o barulho mesclado daquela tarde acinzentada. tampa de mármore nos ouvidos ouvintes. ar pressionado por nuvens acumuladas, nimbos, névoas, umidade relativa exponenciando o percentual. você não repetiu o que disse. também se apressou junto ao público, ainda que admirava as formas passíveis do redemoinho atmosférico que anunciava água abundante, pelos estrondos perseguindo flashes celestes. você afogou a voz de vez, precipitadamente, e se despediu com um breve sorriso, enquanto eu represava toda a ausência do mundo, resguardado num canto da marquise.

sidnei olivio

post de Sidnei Olivio
Bookmark and Share

0 comentário(s)




quarta-feira, 8 de outubro de 2008 @ 10:41
saudade


pintura: missing you
© C. Namaz

saudade insana de meu par. aquele, ímpar, que somado a minha unidade, nos torna múltiplos (a dois). saudade daquele um, meu inteiro. eu, igualmente única, total-mente dele. totus corpus. totallma. saudade exacerbada de meu duplo. meu par e ser. par à Lela. eu, una, junto dele, dobro. não sobro. nem (p)resto. saudade trans-par-ente. patente. poeticamente cálida. saudade descorada como corola de flor que não fala. simplesmente exila. exala saudade áspera que despetala. desespera. saudade que ecoa. não cala. não cabe na cela de espera.


valéria tarelho
releitura

Marcadores:


post de valéria tarelho
Bookmark and Share

0 comentário(s)




segunda-feira, 6 de outubro de 2008 @ 16:59
A queda para o alto

Não podia mais suportar sua insistência esquizofrênica, a querência hiperbólica sempre vitimada pela ausência que supunha. Aquela solidão anunciada previamente, pedra no limbo, encruzilhadas, resto de destino num caminho adjacente. Não podia mais conviver com sua insegurança de ave na primeira arremetida ao vôo, fênix não-renascido, ícaro acrofóbico. Só não poderia supor que ela sobreviveria enfim ao salto, à queda do alto na declarada incompatibilidade, brotando alva dos restos plúmbeos das palavras de fogo, queimando o pleonasmo da falta. Só não poderia prever que seria eu hoje o falto, a vítima inconteste do auto-assalto do seu tato, pele que, carente da saliva hidratante, não suportou a secura e se misturou quimicamente ao asfalto...

sidnei olivio

post de Sidnei Olivio
Bookmark and Share

0 comentário(s)




sexta-feira, 3 de outubro de 2008 @ 23:31
Bravos!

se fosse combinado, não seria tão "bem-casadinho": duas publicações simultâneas (02.10.08) sobre poesia, em especial a poesia de sidnei olívio (matéria 1, do portal Universia).

a segunda matéria (revista Bravo!) aborda o tema da Internet como meio de divulgação da poesia (e, para minha total surpresa, sou citada ao final).

dona prosa, com licença, mas hoje o assunto é poseia!



Funcionário da UNESP Rio Preto participa de Antologia Digital

Poeta e biólogo, Sidnei Olivio, funcionário do Departamento de Zoologia e Botânica do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da UNESP, campus de São José do Rio Preto, é um dos 17 escritores convidados a participar da "Saciedade dos Poetas Vivos Digital nº 7", antologia organizada por Leila Míccolis e Urhacy Faustino. Lançada em 17 de setembro, a antologia pode ser acessada pelo site http://www.blocosonline.com.br/.

Incentivado pela própria escritora Leila Míccolis a enviar poesias, dentro da temática "Intimidades", para compor a antologia, Sidnei Olivio relata que ficou surpreso com o convite. "Há algum tempo mantinha contato com a Leila, mas não esperava que meus poemas fossem publicados junto a textos de nomes consagrados, como Alice Ruiz e Ulisses Tavares", diz.

Com um "texto de efeitos impactantes", conforme escreveram Leila Míccolis e Urhacy Faustino no prefácio da obra, Olivio se destaca no campo da "zoopoesia", modalidade que une versos a informações sobre a biologia dos animais. Nessa linha, o escritor tem dois livros de poesias editados em co-autoria: "Zoopoesias" (Ed. Rio-pretense, 1999) e "Poesia Animal" (Ed. Sterna, 2003).

"A poesia sobre tema animal é mais trabalhosa, pois envolve pesquisa", avalia o escritor. Olivio também mantém o blog ?Zoopoesia? (www.zoopoesia.blogger.com.br) e acaba de lançar, ao lado de Valéria Tarelho, um blog de prosa, intitulado "Proseares" (http://www.proseares.blogspot.com/).

Seus próximos projetos são o lançamento do livro "Uni-verso: a natureza da poesia e a poesia da natureza", prefaciado pelo poeta e docente do Ibilce Marcos Siscar, e de quatro livretos resultantes do projeto de extensão "O Bicho Ensina", que desenvolve ao lado da docente do Ibilce Eliane Gonçalves de Freitas e de alunos de graduação. Segundo ele, o tema dos textos dos livretos será o comportamento animal.

Sobre o poeta - Auxiliar Acadêmico do Departamento de Zoologia e Botânica da UNESP, câmpus de São José do Rio Preto, Sidnei Olivio tem dois livros de poesias editados em co-autoria ("Zoopoesias", Ed. Rio-pretense, 1999; e "Poesia Animal", Ed. Sterna, 2003) e um livro de contos editado em co-autoria (Mutações, Ed. Scortecci, 2002). Participou ainda de mais de quinze livros de coletânea, com destaque para "Leituras de Brasil" (Ed. da UNESP, 2001) e "Petali d'Infinito" (Accademia Internazionale Il Convivio, Itália, 2002).

Recebeu prêmios em concursos, dentre eles, 4º lugar no Mapa Cultural Paulista 2000 (modalidade poesia), Accademia Internazionale Il Convívio, Itália, 2002 (Prêmio de Edição) e Prêmio Estímulo "Nelson Seixas", em 2006, na categoria musical (CD "Palavras Cruzadas").

Fonte: Unesp



Onde estão os novos poetas?

Sem conseguir figurar entre os nomes de grandes editoras, muitos dos jovens autores de poesia encontram abrigo na internet e em pequenas casas editorias. Essa nova geração parece enfrentar o mesmo problema das anteriores: ter de trilhar caminhos alternativos para divulgar sua arte

Por Sheyla Miranda

Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, mestres da poesia brasileira e nomes-chave do movimento modernista, são apostas editoriais até hoje. Para o final deste ano, por exemplo, a editora Record projeta uma reunião de poemas sobre o Natal e a época de fim de ano assinados por Drummond. Segundo a diretora da Record, Luciana Villas Boas, investir em uma obra de Drummond é um ótimo negócio editorial, porque vende. E muito. Mas, no que se refere à edição de poetas inéditos, o cenário não é tão favorável: "O livro de poesia dificilmente vende quantidades expressivas, a ponto de justificar a publicação. Colocar no mercado nomes desconhecidos é praticamente impossível do ponto de vista econômico", explica Luciana.
De que modo se organizam, então, os novos poetas? Em parte, como faziam na década de 1970 e até mesmo antes, quando autores iniciantes trabalhavam em edições caseiras, que eram enviadas às editoras ou vendidas de porta em porta. Alguns autores contemporâneos persistem na auto-edição, mas a maioria migrou para empresas de pequeno porte, que se proliferaram nos início dos anos 80 e hoje são pólos fundamentais de divulgação do trabalho dos poetas.
Mariana Ianelli, poeta paulistana que publicou o primeiro livro em 1999, aos 20 anos, é exemplo desse movimento. Vencedora do Prêmio da Fundação Bunge para Poesia 2008 e considerada uma das mais talentosas escritoras da nova geração, a autora publicou seus cinco livros pela Iluminuras. "Tive o privilégio de apresentar meu livro a um editor que confiou no meu trabalho sem a prerrogativa do 'sucesso de venda', ou seja, alguém que apostou na poesia, independentemente do seu êxito ou fracasso comercial", relata Mariana.

Para ela, a importância dessas pequenas editoras para poetas iniciantes é indiscutível, já que muitos nomes publicados pela Iluminuras ou pela carioca 7Letras foram mais tarde encampados por empresas de maiores, quando se tornaram conhecidos do público. Frederico Barbosa, poeta, editor de livros e diretor do centro cultural Casa das Rosas, de São Paulo, também destaca a importância dessas casas, mas levanta a seguinte questão: "Ainda hoje, mais de 80% dos livros de poesia publicados são financiados pelo próprio autor. Algumas editoras até publicam, mas quem paga o investimento é o poeta. Isso é um grande mal, porque gera um problema de distribuição. A editora, que não financiou a obra, não paga para que seja distribuída".

Em alternativa a esse quadro, tanto Frederico quanto Mariana apontam a internet como o principal caminho para que os poetas levem a público suas criações. "A internet pode suprir o descrédito por parte das grandes editoras. Para quem está começando, talvez seja mais do que uma simples estratégia de veiculação, já que facilita o debate, a troca de impressões", opina Mariana. Para Frederico, há tempos a rede se tornou, de longe, a melhor forma de divulgar poesia. "É um ambiente democrático tanto para quem quer mostrar seu trabalho quanto para os que estão interessados em poesia".

Mesmo com o grande alcance dos blogs e das revistas eletrônicas, alguns escritores consideram imprescindível que seu poema seja impresso. Citada por Mariana, a poeta Débora Tavares, que mantém uma página há anos, nunca conseguiu reunir seus poemas em uma publicação tradicional. É também o caso da poeta Valéria Tarelho, uma escritora " impressionante, dessa leva de poetas que usam a internet como meio de divulgação", conta Frederico, que descobriu a autora navegando pela rede. A internet funciona, portanto, como mais um recurso para que as carreiras dos jovens poetas continuem a ser construídas como no passado: por vias alternativas, à margem do grande mercado editorial.

post de valéria tarelho
Bookmark and Share

0 comentário(s)




quinta-feira, 2 de outubro de 2008 @ 08:03
Julio Cortázar

Rayuela - Capítulo 7



«Toco a tua boca.
Com um dedo, toco a borda da tua boca, desenhando-a como se saísse da minha mão, como se a tua boca se entreabrisse pela primeira vez, e basta-me fechar os olhos para tudo desfazer e começar de novo, faço nascer outra vez a boca que desejo, a boca que a minha mão define e desenha na tua cara, uma boca escolhida entre todas as bocas, escolhida por mim com soberana liberdade para desenhá-la com a minha mão na tua cara e que, por um acaso que não procuro compreender, coincide exactamente com a tua boca, que sorri por baixo da que a minha mão te desenha.
Olhas-me, de perto me olhas, cada vez mais de perto, e então brincamos aos ciclopes, olhando-nos cada vez mais de perto. Os olhos agigantam-se, aproximam-se entre si, sobrepõem-se, e os ciclopes olham-se, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam sem vontade, mordendo-se com os lábios, quase não apoiando a língua nos dentes, brincando nos seus espaços onde um ar pesado vai e vem com um perfume velho e um silêncio. Então as minhas mãos tentam fundir-se no teu cabelo, acariciar lentamente as profundezas do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de uma fragrância obscura.
E se nos mordemos a dor é doce, e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo do fôlego, essa morte instantânea é bela. E há apenas uma saliva e apenas um sabor a fruta madura, e eu sinto-te tremer em mim como a lua na água.»

[in O Jogo do Mundo (Rayuela), de Julio Cortázar, tradução de Alberto Simões, Cavalo de Ferro, 2008]

Marcadores: , ,


post de valéria tarelho
Bookmark and Share

1 comentário(s)





█║▌│█│║▌║││█║▌║▌║▌║
p r o s e a r e s
© sidnei olívio e valéria tarelho

:: todos os direitos reservados ::



proseares